quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A menina escritora

São sete horas da manhã. Liliana levanta-se para mais um dia de trabalho na quinta de seus pais. Liliana tem apenas quinze anos de idade e o seu maior sonho era saber ler e escrever.
Filha de uma família pobre, desde cedo fora obrigada a ajudar nas tarefas domésticas que incluíam o cuidado para com os animais da quinta.
Liliana tinha um lindo cabelo loiro e um olhar azul que encantava para quem ela olhava. Mal ela sabia que nesse dia uma visita inesperada iria mudar a sua vida para sempre……..

(António Cruz)

- Se ao menos soubesse escrever o meu nome, pensava. Foi então que ouviu baterem à porta.
(5ºC - André e Nuno)

Ela abriu a porta e viu o pai com um senhor.
- É um amigo meu que te vai ensinar a ler e a escrever. Chama-se Pedro e vai ser o teu explicador.

(5ºA - Rúben e Luís)

- Mas pai, nós somos uma família pobre, não temos dinheiro para pagar um explicador. – disse Liliana
- Filha, tu precisas de saber ler e escrever. Sei que é o teu maior desejo - disse o pai.
- Está bem, mas… e a despesa?
Então o pai contou-lhe que o explicador ajudava as crianças mais pobres e Liliana era uma delas. Por isso o explicador não queria ser pago.
No dia seguinte as explicações começaram e Liliana ficou toda contente porque já sabia ler e escrever o nome do seu pai e o dela. Trabalhavam numa lousa pequenina que o explicador trazia com ele todos os dias.
(5ºC - Joana e Nuno)

No dia em que Liliana tinha começado a aprender a ler e a escrever ficou tão contente que foi para a rua e, com uma pedra, começou a escrever em todas as paredes o seu nome e o nome do seu pai.

No dia seguinte veio de novo o explicador e desta vez ensinou-a a fazer os números e a fazer contas simples, de somar e subtrair. Quando Liliana acabou de aprender isso tudo, ficou tão contente que fez contas, escreveu a sua idade, … tudo isso nas paredes de pedra.

(5ºA Pedro Miguel e Jorge)

Liliana estava a riscar as paredes, e a vizinha foi à rua reclamar:

- Oh! Miúda, sai imediatamente!

A Liliana não deu ouvidos à vizinha e logo que a viu entrar dentro de casa começou a riscar-lhe a parede.

Como agora já sabia escrever bem, começou a escrever coisas de mau gosto nas paredes da casa da vizinha: “ Velha maldita”.

A vizinha foi reclamar ao seu pai. Logo que a Liliana chegou a casa, o pai disse:

- O que estiveste a fazer nas paredes da casa da vizinha?

E a Liliana disse-lhe:

- Foi a vizinha que me andou a irritar.

(5º C - Leocádia e Lisandra)
- Pois filha, se continuas assim ficas de castigo.
- Porquê, pai?
- Porque eu tive o trabalho de ir buscar um explicador para te ensinar a ler e a escrever, era o teu maior sonho, e eu concretizei-o, mas agora que sabes ler e escrever, só fazes disparates! Pensava que ias dar mais valor à educação.
- Desculpe pai, nunca mais repetirei os disparates que fiz, e vou pedir desculpa à vizinha.



Liliana foi pedir desculpa à Dona Lúcia, que tinha ficado muito ofendida.
- Desculpe, Dona Lúcia, por ter riscado as suas paredes e lhe ter chamado velha maldita.
- Eu desculpo, pois sei que era a primeira vez que conseguias sozinha ler e escrever. Mas sei também que não sabes que se deve escrever em papéis.
- Papéis? Mas os papéis não são só para embrulhar coisas?
- Não, dá para ambas as situações.
(5ºC - Jéssica e Ângela)

- Olha, eu vou mostrar-te como é, e a partir de agora vais poder escrever no papel, mas não te esqueças do lápis! Ah, ah, ah! - disse a Dona Lúcia a rir.
- Mas, Dona Lúcia, tem por aí um lápis e umas folhas para me dar? – perguntou a Liliana.
- Não… Olha, eu vou à cidade e assim já posso comprar umas coisitas para ti. Tá bem? – perguntou a Dona Lúcia.
- Está bem - disse, contente, a Liliana.
(5ºA - Carolina e Pedro Alexandre)
Dona Lúcia chegou a casa com as folhas de papel que a Liliana tinha pedido. Ela ficou muito contente e, como agradecimento pela sua simpatia, decidiu fazer-lhe um poema.
Quando a Liliana chegou a casa contou ao pai como lhe tinha corrido o dia: disse que ela e a Dona Lúcia tinham feito as pazes e o pai respondeu que estava muito orgulhoso dela. Contou ainda que a Dona Lúcia lhe tinha comprado folhas de papel para ela escrever, desenhar e fazer outras coisas.
Chegou o fim do dia e a Liliana foi à rua e disse:
- Dona Lúcia, durma bem.
(E meteu-lhe debaixo da porta um pequeno poema que dizia assim:...)
(5ºC - Nuno e Oriana)

Quando tinha dificuldades
Fizeste por não me esquecer,
Por isso a minha amizade
Te quero oferecer.


A dona Lúcia quando o leu o poema ficou muito contente…
(5ºA Joana e Andreína)



... e incentivou-a a continuar a escrever, fosse o que fosse, até, dizia-lhe ela, porque não começar a escrever histórias? Podiam ser para crianças ou para gente mais crescida.
Aceitando de bom grado a sugestão de D. Lúcia, Liliana meteu mãos à obra, ou seja, caneta ao papel e começou a inventar as suas próprias histórias. Histórias repletas de magia e felicidade, pintadas com os perfumes e as músicas da natureza, desenhadas com as palavras que não paravam de lhe surgir na mente, palavras que lhe saiam em catadupa, perfilando-se nas folhas de papel que já eram poucas para tanta imaginação.
E os meses foram passando. Liliana tinha agora 17 anos de idade quando, num belo dia em que o professor amigo do pai, o tal que a ensinara a escrever e a ler, os visitou, e tendo lido os seus textos, ficou muito satisfeito e orgulhoso daquela sua antiga aluna pelos progressos que tinha feito, e pela imaginação e criatividade que brotava tão naturalmente, que lhe deu a conhecer um concurso de histórias juvenis que uma das maiores editoras do país estava a promover.
- E que tal, disse-lhe o professor, e que tal se concorreres? Nunca se sabe o que daí pode resultar...
Naquela noite Liliana mal conseguiu adormecer, revirando-se na cama toda a noite, acometida de sonhos e pesadelos relacionados com o tal concurso em que já se via a concorrer.
E foi com este estado de espírito que, na manhã seguinte, se levantou. Com uma decisão já tomada...

(António Cruz)

O pai ficou muito contente com a decisão da sua filha Liliana em relação ao concurso: Liliana resolvera mesmo concorrer com um texto seu.

(5ºA - Hugo e Marcelo)
Então a Liliana foi para o jardim e começou a tentar escrever o seu texto para o concurso. Começou assim:
“ Havia uma menina que tinha um sonho: saber ler e escrever.
Um dia o pai chegou a casa com um amigo professor que vinha ensiná-la a ler e a escrever. Nesse dia…”
E lá continuou a contar as suas aventuras.
(5ºA - Élvio e Catarina)



A Liliana era agora uma gran

de escritora. Mas voltemos atrás: quando concorreu àquele concurso, ela g

anhou o

primeiro prémio, com o texto sobre a sua vida.
O seu pai ficou muito orgulhoso da sua filha e todas as crianças adoravam os livros que a Liliana escrevia.
Entretanto, D. Lúcia já tinha falecido.
(5ºC Lisandra e Leocádia)

Quando isso acontecera, Liliana tinha ficado muito triste porque, apesar de tudo o que se tinha passado, tinha sido a D. Lúcia que também a ajudara a ler e a escrever. Para ela a D. Lúcia era uma segunda mãe…
(5ºA - Élvio e Catarina)

Liliana era agora convidada a visitar as escolas do seu país para falar com as crianças e explicar-lhes a importância que para todos tinha a leitura, os livros e a escrita.
- Se amanhã quiserem ser alguém, se quiserem perceber o mundo e as pessoas, terão que ler muito. Terão que fazer dos livros os vossos companheiros inseparavéis, levá-los a passear à praia, colocá-los ao vosso lado quando adormecerem, transportá-los numa mochila ou num saco quando forem de passeio. Os livros fazem parte do grupo dos nossos melhores amigos
E as crianças ficavam a olhar para ela, embevecidos com as suas histórias e com a sua maneira doce e carinhosa de falar, deixando-se levar pelas suas palavras e desejando terem com eles os tais livros de que LIliana lhes falava.
Só que eram crianças pobres e cujas famílias não tinham muito dinheiro. Dinheiro para livros então nem falar!
Até que Liliana, depois de ter ganho alguns prémios com as histórias e contos que escreviam tomou mais uma decisão na sua vida. Uma decisão que viria a contribuir para o interesse da leitura por parte dos mais pequenos.

(António Cruz)

A Liliana decidiu então criar, com os seus livros infantis, uma biblioteca, para que todas as crianças tivessem acesso a muitos livros…
(5ºA - Élvio e Catarina)

Fez a biblioteca na velha casa da D. Lúcia e o livro mais precioso era o das lembranças de pequena, que tinha da D. Lúcia, que, como sabem, já tinha falecido…
(5ºC - Lisandra e Leocádia)

Organizar uma biblioteca sozinha é muito difícil. Então decidiu procurar uma pessoa de confiança para ajudá-la.
Apareceram várias candidatas mas não gostou de nenhuma…
(5º A Catarina e Élvio)

No dia seguinte apareceu-lhe uma senhora que perguntou a Liliana:

- Posso ser sua ajudante?

- Sim, mas com algumas condições. Diga-me o seu nome.

- Chamo-me Dária Ermelinda, mas pode-me chamar Ermelinda.

E a Liliana aceitou-a, parecia ser uma pessoa amigável.

Estiveram toda a manhã a falar sobre como iam dinamizar a biblioteca…

(5ºC - Lisandra e Leocádia)

Começaram por procurar novos e bons armários para colocar as novas histórias. Depois de tudo perfeitamente organizado, a Liliana decidiu voltar a escrever histórias divertidas e fixes.
(5ºA – Élvio e Catarina)

Liliana tinha um amigo carpinteiro que lhe podia oferecer uns armários novos e foi falar com ele:
- Sr. Pedro, pode-me fazer uns armários para pôr na minha biblioteca que os outros já estão estragados?
- Sim, mas em troca quero que me ofereças um livro escrito por ti.
(5ºC - Lisandra e Leocádia)

Então Liliana, enquanto ele fazia o seu trabalho, escreveu-lhe uma história sobre dois lobos à solta.
(5ºA - Élvio e Catarina)

Ao final de um dia os armários estavam prontos e a história também.
Ela decidiu publicar a história dos “Dois lobos à solta”.
Liliana estava com algumas dificuldades para arrumar os livros. Então chegaram algumas pessoas para ajudá-la a arrumar os livros nas prateleiras.
(5ºC - Lisandra e Leocádia)

Depois de tudo impecavelmente arrumado, Liliana ofereceu uma história a todas as pessoas que a tinham ajudado, como forma de agradecimento.

No dia seguinte, Liliana apercebeu-se de que a sua biblioteca já estava a ser um sucesso.

(5ºA- Élvio e Catarina)

Um sucesso tão grande que se viria a espalhar por todo o país, desde pequenas aldeias a grandes cidades, nascendo aqui e ali mais uma biblioteca. Liliana era agora ajudada por muitos mecenas que tinham gostado do seu projecto e que o financiavam para poder adquirir mais livros, criar mais bibliotecas e, com esse sonho tornado realidade, poder encantar miúdos e graúdos sempre que estes procurassem o conforto e o aconchego de uma biblioteca, ou o calor e os ensinamentos de um livro qualquer que ele fosse.

Liliana passaria toda a sua vida a lutar por tornar maior o sonho que um dia tivera oportunidade de começar a realizar e, já aos oitenta e tal anos, viria a falecer sentada na sua cadeira de sempre na primeira biblioteca que um dia fundara.

Apesar de ter sido um momento triste, foi também um momento de grande festa e reconhecimento, já que as autoridades do país haveriam de reconhecer Liliana como uma das mais importantes obreiras na área da cultura, do incentivo à leitura e no aumento de leitores que ao longo dos anos tinha conseguido conquistar para a causa dos livros.

Liliana tinha sido a prova de alguém que nascera pobre, com dificuldades de ensino e de sobrevivência, mas que ajudada por outros, soubera reconhecer a aposta que eles tinham feito em si e transformado um sonho numa realidade que sempre estivera presente em cada momento da sua vida e da vida de todos os que um dia entraram nas suas bibliotecas e pegaram num dos seus livros. Caso para dizer que...o sonho comanda a vida.

(António Cruz)

2 comentários:

Anónimo disse...

Este texto ta muito bonito continuemassim que vão chegar longe!

Anónimo disse...

Ta muito giro este texto continuem assim que vão longe!!